sexta-feira, 8 de julho de 2011

O diretor de Nova York


A famosa imagem de Diane Keaton e Woody Allen no filme "Manhattan"


Poucas coisas em Nova York são tão icônicas quanto Woody Allen. Assim como taxis amarelos, vendedores de hot-dogs e a escadaria do MET, o diretor norte-americano é sinônimo da cidade, mais especificamente de Manhattan. Ontem eu tive o prazer de assistir Woody Allen com vista para a ilha, uma experiência única e inesquecível. Nada igual como assistir ao filme “Manhattan” com a própria como pano de fundo. 

Movies with view no Brooklyn Bridge Park


Durante o Verão centenas de eventos a céu aberto acontecem em NY: Shakespeare no Parque, shows no Central Park, trapézio da beira do rio, cinemas a céu aberto! Tudo para aproveitar ao máximo o tempo quente, afinal quando chega o frio são meses de vida indoor


Ontem foi o primeiro “Movies with view” da temporada do Verão 2011. Toda quinta-feira no Brooklyn Bridge Park um filme será projetado na telona que foi instalada na beira do rio com vista para o Financial District em Manhattan, o evento é gratuito! Um must-go para quem mora ou está de passagem em NY. 

E nada melhor como começar a temporada com o diretor que melhor representa e apresenta a cidade. Apesar de seus outros filmes que têm como locação outros lugares do globo serem muito bons, na minha opinião, Woody Allen só é completamente Woody Allen quando o cenário é Nova York. Eu nunca havia assistido ao filme “Manhattan”, e sem dúvida é uma das películas de Allen que mais homenageiam e captam a áurea dessa metrópole maluca e apaixonante! A narração da primeira cena diz muito sobre a relação do diretor com NY:

"He was as tough and romantic as the city he loved. Behind his black-rimmed glasses was the coiled sexual power of a jungle cat. New York was his town, and it always would be."

Se você nunca assistiu Manhattan, assista! Se já, assista de novo! Woody Allen em Nova York, nunca é demais!


quarta-feira, 18 de maio de 2011

Metrô pra mim, pra você e pra todos nós!

Na semana passada o caso do metrô na Angélica gerou a maior polêmica nas redes sociais. Indignados (inclusive eu), milhares de pessoas manifestaram sua oposição às 3.500 assinaturas da Assossiação de Moradores do bairro de Higienópolis, na qual pediam para que a estação da Angélica fosse transferida para outro local. Foi alegado, entre outras coisas, que a estação traria pessoas diferenciadas para o bairro. Bom, isso tudo vocês devem ter visto e ouvido à exaustão. 

Metrô é legal, muito legal!

Como todo mundo deu pitaco nesse assunto, eu também quero dar o meu! Duas coisas: a primeira é que quanto mais metrô melhor! Quanto mais estações uma cidade possuir, mais pessoas poderão usufruir dessa maravilha que é o meio de transporte público! Aqui em Nova York por exemplo, existem 468 estações de metrô, e muitas destas ficam bem perto uma da outra. 

Mas na verdade, o que mais me chamou a atenção nessa história toda foi o discurso de muitas pessoas que estavam defendendo o transporte público. Vi muitas frases como essas: "E o porteiro desse pessoal que mora em Higienópolis, vai chegar lá como?!", "Mas e o faxineiro do meu prédio, coitado!". Perceberam? O que eu quero dizer é que a elite do nosso país – e principalmente de São Paulo –, está acostumada e aprendeu que o que é público não é para nós, o que é público é para ser usado somente em último recurso. Escola pública é pro filho da faxineira, hospital público só pra indigente, e transporte público a gente gosta de falar que usa quando vai pra Paris. Obviamente que as pessoas que não têm poder aquisitivo precisam muito mais do sistema público; mas é necessário entender que o que é público é para todo mundo! E é justamente isso o que faz uma sociedade ser mais democrática e justa; quando tanto o filho do faxineiro quanto o filho do médico estudam na mesma escola, podendo desfrutar das mesmas oportunidades. Aqui em Nova York, e na maioria das cidades européias, todo mundo pega metrô para ir pro trabalho, independente da sua classe social. Então, junto com aquela frase do "coitado do porteiro", a gente tem também que lembrar de falar "Coitado de todo e qualquer cidadão paulistano que paga imposto e ainda assim tem que encarar todos os dias um trânsito de horas para chegar em casa, pagar IPVA, gasolina, sem falar no estacionamento". 

O Brasil pode estar crescendo economicamente e ser a bola da vez. Mas o que é mais urgente mudarmos é a nossa mentalidade. Um país democrático e justo, só começa no momento onde todos os seus moradores têm o direito de pelo menos usar o transporte público da sua cidade. Isso sim é cidadania, isso sim é ser desenvolvido. 

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Bill Cunningham New York




Fazia tempo que não via um filme que me fizesse pensar na vida e me arrancasse algumas lágrimas. Mas ontem à tarde, após minha apresentação final do Master que vim fazer aqui, resolvi entrar no cinema para assistir ao documentário Bill Cunningham New York; já tinha ouvido falar que era um ótimo filme, porém eu pensava que seria um documentário mostrando como o mundo da moda é glamuroso, e como é cool ser fotógrafo. Bom, não é nada disso, e ao mesmo tempo é tudo isso.  

O filme acompanha Bill Cunningham, um conceituado fotógrafo de moda americano, em seus dias de trabalho por New York. Mas pode tirar da cabeça aquela imagem de fotógrafo pegador de modelos, tipo o personagem do filme do Antonioni Depois daquele Beijo. Não sei se você sabe (eu não sabia), mas Bill é um senhorzinho de mais de 80 anos, que percorre a cidade inteira pedalando sua bicicleta – a que ele conduz no filme é a número 29, as outras 28 foram roubadas –, mora na residência de artistas do Carnige Hall, e tem o sorriso mais encantador do mundo. O próprio se define como um obcecado por roupas, pode-se dizer que ele é um caçador de estilo; quando vê algo que lhe salte os olhos, saca sua câmera analógica e começa a clicar o sujeito de sua obra. Desta maneira Bill construiu uma das narrativas mais conceituadas e consistentes do cenário fashion. É uma honra ser fotografado por ele; a famosa editora da Vogue, Anna Wintour diz que é a morte quando Bill não a fotografa. Em uma cena do filme, Wintour só posa para as lentes de Cunningham. Isso que é moral! 

Pelo fato de circular no meio da mais alta sociedade nova iorquina, Cunningham poderia ter escolhido viver uma vida cheia de glamour e luxo. Mas pelo contrário, optou por uma vida quase monástica, com a diferença que as roupas e os cliques que são sua religião. Em um jantar de gala ele se recusa a comer junto com os nobres convidados, ele está lá a trabalho e segundo o próprio "se alimenta com os olhos". Você pode ser a Catherine Deneuve, se Bill não achar sua roupa interessante ele não irá gastar cliques apenas porque você é famoso. Ele não está interessado em celebridades, ele está interessado em roupas, em estilo. Não que ele se preocupe muito com o próprio estilo, Bill se veste todos os dias praticamente da mesma maneira, porém traz na memória de seus 80 anos vividos – muitos deles nas primeiras filas dos grandes desfiles –, quase todas as coleções dos mais renomados estilistas. 

Outra característica do fotógrafo é que ele nunca se vendeu. Sempre fez seu trabalho da sua maneira, sem se render à pressões dos grandes veículos de mídia ou a cheques gordos. Ele se contenta em ter dinheiro para comprar filmes e revelar suas fotos, e não está nem ai para restaurantes finos e apartamentos luxuosos. Em um momento do filme o fotógrafo diz a seguinte frase: "Money is the cheapest thing in the world. Freedom is the most valuable". Em livre tradução: "O dinheiro é a coisa mais barata do mundo. Liberdade a mais valiosa". E Bill Cunningham nunca trocou por nenhuma quantia a liberdade de viver sua paixão como bem lhe convém. E isso foi o que mais me tocou no filme; ver um senhor de mais de 80 anos que abriu mão de todas as amarras da sociedade e vive para aquilo que acredita e lhe dá prazer. É cada vez mais difícil nesse mundo capitalista selvagem, encontrar pessoas que não se preocupem apenas com posses e status, mas dá um alívio imenso quando vez ou outra nos deparamos com histórias como a do fotógrafo Bill Cunningham.

Não sei se o filme está em cartaz no Brasil. Se estiver, vá correndo! Se não estiver, dê uma espiada no trailer abaixo para ficar com mais vontade, e também clique aqui para ver a coluna do fotógrafo no NY Times, se Bill clicou é porque é tendência.





domingo, 1 de maio de 2011

Cherry blossoms!

Ontem eu fui no Brooklyn Botanical Garden ver as cerejeiras em flor, as famosas cherry blossoms. Aqui em NY fica cheio delas na primavera! As cerejeiras são típicas do Japão, e lá são chamadas de Sakura. O hamami – ato de apreciar as flores – acontece todos os anos nessa época, quando as pessoas saem de casa e fazem piquenique embaixo das árvores e apreciam a beleza das flores. E realmente a vontade que dá é de ficar olhando para aquelas árvores pra sempre, apreciando aquelas florzinahs tão delicadas.

Para quem vier pra NY e ficar um pouco cansado da loucura e do consumismo desenfreado de Manhattan, o Brooklyn Botanical Garden é uma ótima dica de passeio.






terça-feira, 26 de abril de 2011

Trilha sonora

Para ouvir com o lendo o post de baixo!



Summertime, and the living is easy!

Parece que agora o inverno acabou mesmo! As temperaturas já estão chegando a 20 e pouco graus, claro que ainda tem horas que bate aquele ventinho frio, mas a cidade já está toda preparada pro calor!

É impressionante reparar como a cidade muda conforme a estação; fato que não ocorre muito nas cidades brasileiras já que nossas estações não são tão bem definidas. Aqui não, assim que a primavera começou as chuvas e as flores também apareçeram! De uma semana para outra as árvores começaram a encher de cherry blossons, aquelas florzinhas brancas bem populares no Japão também. Os restaurantes já estão com mesinhas na calçada, as crianças correndo na rua, as ruas por sua vez mais cheias de gente; afinal quando tá calor todo mundo quer sair de casa, ainda mais depois de um longo inverno onde escurece às 16h30.

Minha relação com frio/calor mudou muito depois de passar um inverno rigoroso. Se antes pra mim 4º era uma temperatura impensável, que eu só pegava quando ia pra Campos do Jordão no auge do inverno brasileiro; aqui em NY quando começou a fazer temperaturas acima de 0º eu já nem achava tão frio, no primeiro dia que fez 14º eu sai só com um casaquinho na rua! E vamos combinar que quando faz 12º/13º graus em São Paulo a gente aproveita pra tirar aquele casaco de inverno do armário. Aqui em compensação, eu não via a hora de colocar minhas roupas de inverno na mala!


Vida na rua!

Hoje foi o primeiro dia depois de muitos meses, que coloquei minhas perninhas brancas como a neve pra fora... E eu nem to ligando que com o calor vem a umidade e meu cabelo fica meio frizz! Eu resolvo fazendo um cocorote encima da cabeça que nem as nova iorquinas e saio por ai feliz da vida aproveitando o calor in New York!




Não tem jeito, as pessoas são mais felizes no calor :)

Enjoy the weather!

Relaxando no Central Park

Cherry Blossons


Até sorvete!

Crianças felizes 
Pernas de fora!



domingo, 6 de fevereiro de 2011

Ano-novo chinês

Dia 2 de fevereiro é comemorado o ano-novo lunar na China; cada ano é representado por um dos doze animais que (segundo o Wikipedia) teriam atendido ao chamado do Buda para uma reunião. Como somente doze se apresentaram, Buda em agradecimento, os transformou em signos da Astrologia chinesa.  Este ano é o ano do coelho, e dizem por aí que será um ano bem mais tranquilo que 2010, que foi regido pelo tigre.

Aqui em Nova Iorque a colônia chinesa é imensa, estima-se que entre 90.000 a 100.000 chineses vivam e trabalhem no bairro apelidado Chinatown. Ali praticamente só se ouve chinês, e todas as placas são também escritas no idioma oriental. Lojas de eletrônicos, souvenirs e restaurantes chineses (os famosos dim sums) são encontrados aos montes pelas ruas do bairro. 

Hoje fui até lá para ver a Lunar Parade em comemoração ao Ano-novo lunar; uma experiência quase antropólogica! Centenas de pessoas de todas as etnias se amontoaram para ver passar dragões, políticos, moças balançando as bandeiras chinesa e americana, e diversos outros símbolos da cultura chinesa; que no caso de hoje mostrou que cada vez mais está adicionando pitadas norte-americanas. 

Abaixo algumas fotos para ilustrar a parada.

Citibank em chinês

Crianças

Rei Momo chinês

A Barbie deu um pulo na parada

Dragão
O comunismo é azul

E gosta do Snoopy!

Princesa chinesa no carro da Macy's... Quão chinês é isso?

Condutores do dragão

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

o MoMA


Ontem fui ao MoMA, já havia ido ao museu outras duas vezes antes de morar em NY, e é impressionante notar como cada visita a atração pode ser uma experiência completamente diferente da outra. A primeira vez que fui ao MoMA foi em 2009 na ocasião um quadro da Mira Schendel que pertence ao meu pai estava exposto na belíssima exposição León Ferrari & Mira Schendel: Tangled Alphabets, foi até emocionante ver um quadro que está sempre pendurado na parede da sua casa exposto em um dos museus mais importantes do mundo. Visitamos a mostra com a assistente to curador e ela nos contou sobre a enorme estrutura do MoMA, o acervo deles é impressionante, algo impensável em qualquer museu brasileiro. Passei horas no museu, fascinada com aquela coleção que vai de Picasso a Warhol, de Miró a Donald Judd. 

A segunda vez que visitei o MoMA foi em fevereiro de 2010, na exposição do Tim Burton. Para quem não sabe o diretor americano também desenha, clique aqui para conferir. A mostra era interessante, porém achei um pouco oportunista já que ficou em cartaz na época em que Tim lançava seu último sucesso: Alice no País das Maravilhas; além do mais estava lotada, mal dava para apreciar as obras. Depois aproveitei para dar uma voltinha pelo museu e me encantei pela sessão dos minimalistas dos anos 60. Já escrevi sobre eles aqui.

Chinesinhos e boneco do Tim Burtom

E ontem na minha terceira experiência no museu, fui em uma exposição sobre design de cozinha Counter Space: Design and the Modern Kitchen. O tema parece meio estranho mas é muito interessante ver a evolução desse ambiente, e como diversos artistas já usaram esse tópico como motif para suas obras. A mostra gira principalmente em torno da Frankfurt Kitchen, uma cozinha criada pela arquiteta alemã Grete Schütte-Lihotzky após a Primeira Guerra Mundial. Moderna e com novas tecnologias, ela prometia diminuir o tempo da mulher/dona-de-casa na cozinha. 

Um modelo de Frankfurt Kitchen

Como o museu ontem não estava cheio, aproveitei para visitar as outras exposições em cartaz: On-line: Drawing through the twentieth century, uma mostra super interessante e bem montada sobre a linha, o elemento mais básico e importante do desenho. A exposição traz trabalhos de artistas do mundo inteiro, inclusive brasileiros como Cildo Meirelles e Lygia Clark. Andy Warhol: Motion Pictures, uma abordagem diferente da obra de Warhol, mostrando os vídeos produzidos pelo artista. Se você quiser pode produzir seu próprio vídeo e mandar para o MoMA, se eles gostarem pode ir para a exposição! Clique aqui para saber como. 

Essas foram minhas experiências até agora no MoMA, num próximo post quero falar sobre o crescimento de artisas-plásticas femininas expostas no museu.  

domingo, 9 de janeiro de 2011

Let it snow

Após férias do blog em dezembro, cá estou eu de volta para contar minhas experiências em New York que a cada dia que passa do inverno fica mais branca e mais gelada. Dezembro foi um mês super corrido já que era final de semestre; tive que entregar 5 papers de 15 páginas cada. Foi um desafio enorme dissertar academicamente em inglês sobre os mais diferentes temas, mas o resultado valeu a pena já que tirei "A" em todas as matérias! Can you believe it?



Em dezembro a cidade se enfeitou para o Natal, nunca senti tanto o clima de Jingle Bells. Cada estabelecimento que entrava estava tocando uma música natalina, com destaque especial para Let it Snow, música que não saiu da minha cabeça o mês inteiro. E a canção pediu e a neve veio; e para uma brasileira que não está acostumada, os flocos dançando desgovernandos no ar são a coisa mais linda! Porém, junto com a neve vem o frio, muito frio, e as nevascas. Logo depois do Natal New York ficou embaixo de neve, eu estava viajando porém a cidade parou por causa da storm. Let it snow...


O inverno vai até março e isto estava me deixando desanimada. Mas agora resolvi ser amiga do frio e aproveitar as coisas boas da estação, como por exemplo: ver o parque perto de casa coberto de neve com as crianças brincando de trenó, entrar em vários Coffe shops para me esquentar com Cappuccino, usar roupas que nunca vou usar no Brasil e dar muuuito valor pro calor quando ele voltar!

E por enquanto: Let it snow!